sexta-feira, 21 de novembro de 2008

26#

Em sonhos eu te disse que admirava o céu em seu estado crepuscular, com suas cores confusas se misturando e refletindo o requiém do Sol, cerimônia de passagem entre o dia e a noite, o céu em suas matizes laranjas, roseas e timidamente azuis, formando assim uma aquarela fortemente aguada, um mármore em efeito e cores que despertam em mim uma terna saudade, como se me despedisse do efêmero momento que jamais voltará, assim eu respondi a sua pergunta. Porém, tu me disseste que achavas o céu magnâmico no desenrolar de sua noite escura, levemente iluminada pelo brilho das estrelas, estrelas estas de varias cores e distâncias, disseste que o céu escuro da noite te inspirava misticismo e que a Lua, grande astro, completava tal quadro de mistério, um lindo quadro de amores e fulguras, pois o que há de mais romântico do que um casal em uma noite enluarada, deste modo respondeste minha pergunta.
Agora me vem a conclusão sobre nós dois: tenho o saudosismo de uma tarde em chamas, matizadas de cores múltiplas de puro lamento, de algum modo que me inspire saudade e despedida, já tu tens o romantismo e o frescor das noites estreladas e com seus luares, sobretudo tens o fulgor das noites misteriosas, logo, nós dois, ao sermos de tal modo um só ser, detemos todos os segredos da felicidade, como a saudade e o sentimento efêmero dos apaixonados que se energizam a cada noite romântica e misteriosa, como o subjetivismo causado pelas noites de luares nacarados, subjetivismo este que o misticismo trata de converter a saudade que sinto por tí em amor eterno nas noites que duram a eternidade em teus afagos...

Escrevi isto há 4 anos... muito tosco...rs

terça-feira, 18 de novembro de 2008

25#

se eu pelo menos soubesse escrever...
nem isso eu sei... eu não sei nada...
se faço algo errado sinto-me muito culpado,
mesmo não sendo tão grave assim,
como faltar no trabalho cumprindo aviso prévio.
Quem alimentou esse bicho em mim?
Por que não consigo fazer o que bem tenho vontade?
E essa angústia que não passa, quando passará?
Essa respiração dolorida, dá até vontade de chorar...
O mundo é preto e branco para mim
O colorido vem de uma tela acrílica...
Destas que se colocavam na televisão...
Meio que uma visão psicodélica
Bélica...
Fim de vida...
Lúcia no céu com mil diamantes coloridos...
Se eu soubesse que minha vida seria esse fracasso...
Teria eu mesmo tomado os comprimidos que tantas vezes tirei da mão da minha mãe...
Hoje, sou um adulto experimentando o amargo dos dias...
Nunca fui escolhido por ninguém, nem mesmo por quem escolhi...
No mais piegas dos clichês...
Ninguém me ama, ninguém me quer...
Acho que nem mesmo eu tenho um pouco de compaixão por mim...
Deixa pra lá...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

24#

woman at the window - dali

“nesta janela sobre o mar”
Carlos Drummond de Andrade

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.

O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.

O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

domingo, 2 de novembro de 2008

23#

meu espirito anda pelas sombras projetadas da alta torre negra no chão inóspito desta cidade baixa... mendigando um pouco de luz eu sigo meu caminho errante, sou mais um cavaleiro sem ordem, mercenário em busca de aventura... justiça e um pouco de diversão...

sábado, 1 de novembro de 2008

22#

alguém sabe para onde o tempo vai?
assim como o rio flui para o mar
ele desagua em algum lugar...

será que existe um oceano invisível?
será que o tempo é um rio imaginário?
o tempo é um professor mudo
que usa exemplos reais
problemas verdadeiros
e não há tempo para pensar
quando se pensa ele já passou
fluiu para um oceano numa outra dimensão
assim como não é possível entrar no mesmo rio por duas vezes
pois na segunda vez, ele já não é mais o mesmo...
não é possível voltar no tempo...
reviver águas passadas
pois o tempo flui,
e vai levando para o fundo do rio
dissolvendo em suas águas
memórias
lembranças das quais só enxergamos seus reflexos

para onde vai o tempo?

é preciso mergulhar no rio imaginário do pensamento
entrar de cabeça na mansidão do seu leito
se deixar levar sem pressa...
para, quem sabe, chegar na imensidão do oceano
no mar invisível do esquecimento

Será que é para lá que vai o tempo?