domingo, 23 de janeiro de 2011

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*escrito em 2010, por uma alma angustiada...

domingo, vejo seu rosto na parede, sombras me perseguem, perguntas rodeiam minha cabeça, não sei por que não me atende, tento passar os últimos dias numa tela que só eu vejo, tento rever os meus passos, escutar as palavras que eu disse, refazer os atos que cometi, para ver, se nesse interim, alguma atitude minha te desagradou. minha querida, não é fácil agradar a todo mundo, pensei que seria mais simples tentar agradar só a você. queria que nossa história fosse igual a de todo mundo e ter uma música, um filme de amor, uma poesia que expressasse os sentimentos que, acreditava existir. queria discurtir com você para depois ganhar um beijo apaixonado, queria derramar lágrimas para ver você preocupada e toda carinhosa me dizendo palavras de encorajamento, queria tantas coisas, que parece nada existir, realmente, vivemos baseados, numa carência que não existe de fato, você não sente falta de mim, assim como eu aprendi a não sentir falta de você, pois não se pode sentir saudades de alguém que nunca é presente, sempre se afasta quando eu quero me aproximar, e quando sou eu que afasto você poe a culpa em mim. você diz estar doente, em casa, com o braço machucado, mas, e eu? quantas vezes era a minha alma que padecia sozinha no escuro e nenhum telefonema para tentar me resgatar da tristeza e melancolia. seu corpo machucado sara com medicamentos, meu espírito ferido com o que há de se curar? você sabe a resposta... quando eu partir de fato, não me venha lamentar, tenho até mesmo medo de que você nem perceba que eu estou morrendo aos poucos... não ligo se estou escrevendo errado, se a gramática é chula, se os pontos e virgulas, estão errados, não ligo mesmo, pois estou redigindo com o coração, e ele está doente, o que sabes disso? o que sabes de sofrimento? quais sofrimentos passastes na vida... não sou o senhor da razão, mas já passei por coisas inacreditáveis, situações que me deixam com vergonha de contar, você quer conhecer minha história? quer conhecer minha vida, família, onde nasci, quem eu conheço, quem eu amei, por quem chorei, quem são meus amigos? minha vida é feita de pedaços que eu estou tentando juntar faz tempo, só digo que já passei fome, frio, sede, calor, raiva, ódio, amor, já chorei por pessoas, que me deixaram no chão quando eu precisava me reerguer, já fui humilhado, já sofri preconceito, nunca, nunca ouvi um eu te amo, eu já disse muitas vezes, mas para as pessoas erradas, já senti vontade de sumir, já tive vontade de nunca chegar em casa, já tive vontade de morrer, na verdade tenho até hoje, pois não nenhum motivo ou razão para seguir meu caminho, já xinguei a Deus, e o pedi perdão por isso, já tive medo dele não existir, já que ele é a única pessoa que pode sentir compaixão por mim. tenho ciúmes de tudo, não diria bem ciúmes, sinto falta de atenção e sou inseguro, sou carente... meus "amigos" são como irmãos, mas tenho poucos, que os contaria em uma só mão, mesmo se eu tivesse um só dedo. o que mais me frustra é não fazer parte da vida de ninguém, cada um agora está se divertindo, ou namorando, ou conversando com amigos, ou na casa de parentes e, se eu estou escrevendo tudo isso num entardecer de um domingo de final de outubro, é por que estou, pra variar, sozinho. cadê você? estou cansado de esperar, estou cansado de viver, não quero mais, não gostei da brincadeira, quero descer. quero correr para os braços de Deus e chorar, soluçar, quero um abraço e descansar, dormir, acordar e ver que tudo não passou de um pesadelo... quantas vezes não já pensei isso, que eu não era mais do que o sonho de alguém, que a qualquer momento eu iria acordar para uma realidade totalmente diferente. agora são mais que 20h00, falta 4 horas para este domingo acabar, ainda falta muito, pois cada hora custou a passar, e como custou. não fiz nada, assisti televisão, lamentável, assisti horário político e vi um brasil que só existe na campanha dos dois ilustríssimos candidatos, um muito ruim, outro pior ainda... assisti a entrega de uma casa  nova e surreal num programa bestial, assisti, não fui assistido... minha família em volta da televisão é uma visao comica se nao fosse trágica, minha família, em nada se parece com uma família, nunca ninguém se abraça, nunca ninguém se diz eu te amo, nunca ninguém se ajuda, não há a liga que deveria nos unir, já me questionei qual o sentido de estarmos juntos, já que, é cada um por si. já não ligo em colocar um fone de ouvido e ouvir um som até quase a exaustão dos meus tímpanos... isso me tira o espaço reservado para pensar... killing me softly with this song... sem internet, desplugado das pessoas virtuais, se já não bastasse viver a margem da sociedade estabelecida nos seus moldes mais tradicionais... não quero ter família, mas nao quero morrer só... muitos conflitos de idéias mas nenhuma posição firme. nada com que lutar, nenhuma arma empunhada, nenhuma espada na cintura, sou dom quixote pirateado fabricado na china, vendido na 25 de março, minha luta é contra a armadura que deveria me fortalecer, mas que me faz fraco e me poe por terra... não tenho garantia contra defeito... quem quiser me comprar deverá saber disso... escrevi e escrevi, preferiria um bom ouvido treinado para desabafar, porém quer melhor amigo que um papel, que aceita tudo, não reclama, porém não fala também, não te dá um feedback...mas a vida é assim, no fim tudo vira pó, "quando o jogo termina, peão e rei voltam para a mesma caixa". tenho vinte e cinco anos, depende do ponto de vista, eles podem representar muito ou pouco de uma vida... eu diria que estes 25 não significam nada para mim! quem dividiu os anos, fez isso conforme a sua necessidade, para mim, nada mudou, os anos passam, mas eu continuo igual, nem mais nem menos maduro, como se eu estivesse numa caixa qualquer embaixo da cama. sem uso, teoricamente novo, mas cheio de mofo, poeira, teia de aranha e amarelado... preciso mudar... preciso mesmo e rápido.

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