domingo, 20 de dezembro de 2009

64#

nao sei se o que vou escrever é música, se é poesia, prosa ou melancolia... eu sei que é triste, e é verdade, aconteceu na existência de um ser de verdade, que viveu um romance de mentira, pra existir romance, é preciso duas partes, duas metades, laranja, limão, tampa e panela, carne e unha...

tudo começou no colégio, olhava para ela que sentava no fundo, eu na frente, era linda, parecia modelo, pelo menos para mim. o mundo de sofia me ajudou a puxar assunto com ela... estava aí algo comum que nos unia, a leitura... depois dessa descoberta, tudo aparentemente se tornava mais fácil, aparentemente. eu não era feio, apesar de ser um menino, ela já era mulher, menina-mulher, fato era mais nova que eu, e pro meu desgosto, ela gostava de meninos mais velhos, tipo os garotos do 3º colegial, não tipo eu... a cada dia conversávamos mais, emprestava-lhes livros, ela me indicava, nunca me emprestava, eu era imprestável, no seu conceito de macho ideal, definitivamente eu não era, apesar de ter olhos azuis, pele clara, cabelo bom, que menina se importa com olhos azuis? que se dane a coloração dos olhos, as vezes eu pensava que era um par de olhos com pernas e braços, onde todo o resto era secundário... coadjuvante. enfim, ir estudar era um tormento, não por causa da história, da gramática ou da geografia, mas por causa da física, que não me ajudava, da química que não existia, da matemática que não somava, só subtraia, e da nayra, que não era matéria, mas era o motivo do misto da minha tristeza com a minha alegria... era como uma pizza... metade cebola para chorar um cântaro, metade chocolate para espantar a depressão... (continua)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

63#

é, meu velho eu! só você me entende neste mundo... tem que ter coragem, mais que coragem tem que ter resistência, mais que resistência tem que ter lógica... para enfrentar a realidade... enfrentar o leão... bem que eu queria um pouco de ilusão na minha vida... que eu não sou de mármore, não sou só bicho... sou gente, sou carne... massa que se arrasta...

62#

eu pensei que iria dar certo dessa vez... mas pelo visto, me enganei (novidade, pif)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

61#

dos velhinhos que já se foram, só restou na memória a voz de suas canções... o sorriso faceiro em seus rostos pardos, a risada gostosa, o brilho no olhar...
os mais velhos da antiga... estão dançando em outras paragens...
a velha guarda batucando está... em algum lugar, além terra, além mar...
as idosas, cabelos brancos, pele enrugada, dores nas costas... já não existem mais
remoçaram... plantam e colhem rosas cheirosas sem espinhos,
cantam a beira de um rio caudaloso de águas cristalinas...
não mais cantigas de trabalho, canções de dor e saudade...
agora louvores, glórias, aleluias são pronunciados em cânticos de felicidade...

os mais novos lamentam, pois vivem a incerteza se envelhecerão...
salve aos nossos avôs, avós, velhos conselheiros...

um abraço vó dedé... mãe de nossa família... rainha de nosso clã
onde a senhora estiver... flores irão enfeitar o caminho por onde passarás...

"devolvemos ao Senhor a jóia que Ele nos emprestou"...

domingo, 25 de outubro de 2009

60#

hoje eu vou dormir com a janela aberta... deixar a brisa da meia-noite entrar e renovar meu ar...

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

59#

o ser humano busca a liberdade, mas não é a própria, na verdade ele quer para si a liberdade dos outros...

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

58#

eu tenho um grande melhor amigo...
tenho só um... ele vale por dez...
melhor... vale por cem...
vale por mil
por dez mil
cem mil
um milhão
um bilhão...
não seria exagerado dizer que este meu amigo vale por seis bilhões de pessoas...
e que a cada dia ele vale mais, na medida que nasce mais gente...
por que ele é único...
os traços, a voz, cada fio de cabelo... não há nada igual em todo o universo...
ele me faz rir, me ouve, me sinto importante por merecer sua atenção...
não sei se sou o seu melhor amigo...
mas me esforço para retribuir toda a sua amizade...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

57#

Minha casa fica no alto de um campina...
Um caminho tortuoso e pedregoso a serpenteia
Quem chega ao sopé da serra não se anima
Caminhar no sol, sem sombra, na grossa areia...

Esse é o modo mais sofrido de chegar ao meu coração...

Mas se preferires... um pássaro te buscarás
Em suas asas pelo vento voarás...
Estarás em minha casa num instante
Descansarás na terra de um coração errante...

(coisa boba... não consigo fazer melhor...)

56#

hoje eu tenho 24 anos...
já me deram 18
uma amiga disse que tenho a mesma cara de 14
pra minha mãe eu ainda sou bebê
porém, para mim... eu nem nasci...

não, não é bonito, não é poesia, não rima, não tem encanto... são só 5 versos... nada mais...

55#

hoje recebi uma mensagem: "você sumiu?"
na mesma hora uma alegria me tomou...
... tem alguém me esperando...
em algum lugar deste planeta...

terça-feira, 13 de outubro de 2009

#54

Quando olho para os lados, solidão
Quando olho pra cima, solidão
Quando olho pro chão, solidão
Quando fecho os olhos, solidão.

Quando acabo um café, solidão
Quando termino um prato, solidão
Quando leio um livro, solidão
Quando ouço uma canção, solidão.

Uma amiga anunciou: procura-se novos melhores amigos...
E os antigos, morreram?
Não, não morreram... e eu?
Talvez eu não era melhor amigo...

As pessoas reclamam que estão só: estou aqui!
Que não tem com quem conversar: ei, eu sei falar!
Que não tem pra quem escrever: anota meu endereço!
Que não tem com quem sair: vamos nessa!

O que as pessoas querem?
Por que se sentem só no meio de uma multidão?
Por que se fecham em casa num dia de sol?
Por que mesmo num dia de chuva, não saem pra se molhar?

Os homens são uns bichos do mato mesmo...
De que adianta tanto concreto?


domingo, 11 de outubro de 2009

53#

não é fácil quando se percebe que as pessoas só te procuram quando estão precisando de algo... nenhum oi, olá, como vai, desinteressado... sempre uma segunda intenção... tô cansado... prontofalei....

é... talvez exagerado, talvez tenha magoado alguém que goste de mim como sou, não pelo que eu posso oferecer, pois acredite, eu não tenho nada... talvez um sorriso... mas o que se sabe de sorrisos, já fui enganado por tantos... talvez um abraço... mas o que se sabe de abraços... muitos me escondiam um punhal, talvez um beijo, o que se sabe de beijos, já sorvi o veneno de muitas bocas aparentemente inocentes... ou, só um olhar... esse não engana, não fere, não mata... um olhar sincero se percebe sem dificuldades...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

52#

Você se foi. Não, você não morreu! É como se eu tivesse morrido, mas estou vivo... estou morto pra você, e você vive em minhas memórias... na ausência de um adeus... adeus!

domingo, 4 de outubro de 2009

51#

"O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido."
(...)
"Hannah, estás me ouvindo? Onde te encontrares, levanta os olhos! Vês, Hannah? O sol vai rompendo as nuvens que se dispersam! Estamos saindo da treva para a luz! Vamos entrando num mundo novo – um mundo melhor, em que os homens estarão acima da cobiça, do ódio e da brutalidade. Ergue os olhos, Hannah! A alma do homem ganhou asas e afinal começa a voar. Voa para o arco-íris, para a luz da esperança. Ergue os olhos, Hannah! Ergue os olhos!"

trecho "O último discurso"
de “O Grande Ditador” - Charles Chaplin

50#

A Lista - Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

49#

eu não tenho vergonha de chorar...
chorei hoje,
chorei ontem,
antes de ontem também...
já chorei no ônibus, protegido pelo capuz da blusa...
já chorei na empresa, no banheiro pra ninguém me ver...
já chorei no cinema, não emocionado com o filme...
já chorei no shopping... esse foi semana passada...
comprei um livro até, férias de natal, somerset maugham...
bourbon, sentado na poltrona... pessoas passando...
eu as via caminhando, elas viam uma poltrona vazia
eu estava lá... mas era invisível...
já chorei de raiva, quem nunca chorou...
já chorei de tristeza... dor
já chorei de amor...
já chorei com o choro de uma criança
isso faz dois anos...
menino sentado no batente de um velho casarão no centro de são paulo...
chorando, com uma mão segurava lixas e cortadores de unha, com a outra secava as lágrimas...
já chorei com fome...
já chorei lágrimas postiças
já chorei cortando cebola
já chorei ouvindo uma canção, aquela que só você sabe...
já chorei com a morte de pessoas queridas...
definitivamente não tenho vergonha de chorar...
minha unica esperança é que talvez Deus esteja guardando essas lágrimas...
e um dia... ele me lave de todo o sofrimento...

48#

eu acho que cheguei muito tarde...
eu acho que a impaciência de me esperar te fez ir embora
já te procurei por todos os cantos
já perguntei a um e a outro... cadê você?
não sei teu nome, não sei qual a cor da tua pele,
não sei a cor dos teus cabelos, se são escuros, claros, compridos, curtos, crespos, lisos, ondulados, cacheados, não sei...
não sei se teus olhos são orientais, amendoados, grandes, pequenos,
azuis, verdes, pretos, castanhos, cor de mel...
não sei se és alta, se és baixa, se és gorda, se és magra...
não lembro de ti... salvo em outras esferas...
tenho certeza, assim que porei os olhos em ti, tão logo te reconhecerei...
mas algo me diz que desta vez eu cheguei tarde demais...
fostes embora... cruzastes a porta que separa os mundos...
estou condenado a te buscar, sem te encontrar...
no peito, a dúvida, está ainda aqui, ou partires sem mim?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

47#

Nunca postei um vídeo aqui no blog... artifício muito moderno para um espaço tão antiquado e triste... mas me senti tentado a fazer isso, pois estou tomado por esta música... rainbow cafe, composta e cantada pela artista pauline kollynen...



o que encontrar no fim de um arco-íris? talvez um café, um bar... uma boa dose de um amargo conhaque... cenário ideal para esquecer...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

46#

Como sempre, cantando velhas cantigas, chorando velhas intrigas, mágoas de outrora, passado que é sempre presente e o futuro que é sempre ausente...

meus olhos míopes sem os óculos da razão, lágrimas do coração, brotam a todo instante, palavras cortantes, soluços de dor, cansado de amar sem amor...

por mais que eu tente regar, meu coração nunca mais será um jardim florido, é um terreno baldio, onde despejastes teus entulhos, sufocou os lírios, quebrou as rosas, secou os antúrios, os copos-de-leite, escureceram, as margaridas mirraram, nem a grama voltou a crescer...

pensas... essa praça que já teve meu nome, hoje se chama solidão, nela jaz um coração, sob uma lápide e um céu horrendo...

vou vivendo, vou morrendo, vou andando... caminhando, rimando, amor com dor...

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

45#


"A formiguinha atravessa em diagonal
a folha ainda em branco.
Mas ele, aquela noite, nao escreveu nada
Mas para que? Se toda a beleza e fremito da vida ja havia passado por ela!"
(Mário Quintana)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

44#


Cantiga para não morrer...

Quando você se for embora,
moça branca como a neve,
me leve.

Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.

Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.

E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar in De Dentro da Noite Veloz (1962-1975)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

43#

o mundo está acabando aos poucos... as pessoas vem e do nada se vão... para onde, quem sabe? só sei que elas vem, de onde? não sei... elas levam um pedaço da gente também, quando percebemos já não somos nada... o colorido, a alegria, a dança, a canção, a celebração, vão perdendo o viço... e do nada... de um folego que falta, de uma batida que de repente falha, nosso corpo jaz, aí já não importa o que você tem, já não vale, o ouro, a prata, o diamante, a espécie... não faz diferença quem irá chorar a sua partida, quem contará por graça... você se foi... seu destino se cumpriu, sua obra ficou... e é ísso que fara de você um vencedor...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

42#


Se…
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida;
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu;
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês;
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino - O AMOR.
Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro …
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: Você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida …
Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado; se você conseguir saber o que a está incomodando, mesmo que aparentemente esteja tudo bem …
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados…; se você não consegue andar pelas ruas, sem deixar de segurar a mão da outra, mesmo que um poste atravesse os dois ao meio …
Se você consegue ficar somente 15 minutos aborrecido depois de uma briga e terminar tudo somente por meia hora…; se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite …
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado…; se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e mesmo assim tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela …; se você preferir morrer, antes de ver a outra partindo …é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva!!!
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais. Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor e mais simples coisa da vida: O AMOR!!!

Carlos Drummond de Andrade

sábado, 30 de maio de 2009

41#

meu quarto está bagunçado
porque minha vida também está
não há canção, não há melodia
não há sorriso, não há nada
há um cômodo vazio
onde nem mesmo eu me acho...
numa cama roupas usadas
jogadas
cds espalhados, livros abertos
no calendário ainda é maio
não conto mais os dias
eles são réplicas um do outro
a rotina é sadia
mas eu queria mais
talvez um perigo, medo
sair sem saber se voltaria
se perder num cruzamento
levantar o dedo e ver onde sopra o vento
seguir por qualquer direção

domingo, 22 de março de 2009

40#

Minha doce Florbela, tinha uma alma tão parecida com a minha, só que ela soube transformar em rima, sua grande dor... me ensine Florbela, a rimar também minha sina... trasformar minha tristeza em versos de amor...


EU... Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que alguém sonhou.
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

terça-feira, 17 de março de 2009

39#

Elis, eterna Elis

***



Elis Regina - Travessia
(M. Nascimento - F. Brant)

Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar?
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar?
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar

homenagem dupla

38#

hoje... o céu escureceu, seu azul límpido foi aos poucos, dando lugar ao tom pesado do chumbo, repentinamente, tudo se fechou... como não querendo acreditar, os trovões esbravejavam ferozmente, raios caíam na terra, e o dia revoltado chorou grossos pingos de chuva, ruas ficaram alagadas, rios transbordaram, congestionamentos se formaram, faltou energia, pessoas corriam, temendo a fúria dos céus, o caos se fez... choveu por horas, ininterruptamente... e aos poucos, como cansado de tanto lamento, feito alguém que chora tudo que tem para chorar, a chuva foi parando, o dia se fez tarde, a tarde se fez noite, com a noite veio a escuridão, e a calmaria de um "pós-chuva" era gritante... tudo gritava, não... não é verdade... a chuva parou, restaram pingos isolados, vento frio e inércia, tudo parecia a um quarto escuro, abandonado, como se alguém tivesse ido embora e deixado a porta aberta... para sempre... hoje o mundo está mais triste, pelo menos eu estou... estou com saudades, e essa dor dói demais... adeus

quarta-feira, 11 de março de 2009

37#

e eis que vou vivendo a vida, mesmo sem querer viver
acordar, levantar, trabalhar pra que?
estudar, conversar, rir, se entreter, pra que?
pra que abrir meus olhos se só há trevas no meu caminho?
pra que gritar se estou caindo num abismo sem fundo, sem chão...
pra que respirar se estou num oceano de angústia?
e eis que assim vou vivendo... obrigado Deus!

terça-feira, 10 de março de 2009

36#

como se pode amar alguém
e esse alguém não corresponder
como se pode querer alguém
e esse alguém já ter um dono
como se pode pensar nessa pessoa 24 horas
emprestar meus dias, viver horas amargas
é como se a cada tic-tac
o relógio pronunciasse cada sílaba de seu nome
perto desse alguém, eu sou ninguém
como resistir?
vivo a expectativa do amanhã
como se o amanhã talvez seja melhor que hoje
como se de repente tudo mudasse amanhã
como se amanhã eu acordasse
como se amanhã esse alguém despertasse
ao meu lado.

domingo, 8 de março de 2009

35#

sabe, isso já faz cinco anos... comprei um cd pra você, uma caixinha e um cartão, vi-o na vitrine, ele brilhou para mim, sei que o adoraria... chico buarque, edu lobo e o teatro mágico... no cartão de aniversário estava escrito muitos "eu te amo", a caixinha tinha por estampa uma gravura de da vinci, bela moça... embalei o cd num papel de seda branco, coloquei-o na caixa, escrevi belas palavras em seu encarte e, para completar, no cartão também... no entanto, nunca te entreguei, selei o presente no criado mudo, pelo menos ele não dirá à ninguém que fracassei... toda vez que quero me lembrar de você, abro a gaveta, abro o cartão, abro a caixa, abro o cd, abro meu coração... fecho os olhos e abro a janela do passado...

34#

se me ponho a pensar em ti, meus olhos já começam a ficar marejados, não sei porque tanta tristeza em meu olhar, já não consigo reter as lágrimas, pois, sei que jamais me olharás de outro modo. não consigo gostar de outro alguém, bem que eu queria, mas não é assim que funciona... vejos os casais trocando carícias... por um momento, me imagino do teu lado, passando as mãos em teus cabelos, tocando de leve teus lábios, você a me chamar de meu bem, e eu te chamando de meu anjo... por que isso é impossível, será que sou eu que o torna assim? só sei que os dias passaram, eu passei por você, você passou por mim, e apesar de opostos, nos repelimos...

33#

se enxergo com teus olhos, você os fecha

se abraço com teus braços, você os cruza

se caminho com tuas pernas, você desanda

se falo com teus lábios, você emudece

se respiro com os teus pulmões, você para de respirar

se choro com tuas lágrimas, você as reprime

se sonho com teus sonhos, você os torna pesadelos

por favor, não faças isso...

pois curo minha dor com o teu olhar,

com os teus abraços,

com os teus lábios,

com as tuas alegrias,

com as tuas expectativas,

com os teus sonhos,

sinto que já não sou eu quem escreve aqui

sou você,

e só você me ignora

porque enquanto eu faço parte de ti

não fazes parte de mim

não sabes que é por você

que conto os dias,

as horas,

cada segundo sem tua presença

são bilhões e bilhões

de lágrimas contidas

de tristeza

de profunda melancolia

de medo e incerteza

parece que estou no lado escuro da lua

e quando me recordo do teu olhar

meus olhos doem,

como se estivesse vendo o sol pela primeira vez

teu sorriso, minha afrodite do espaço

se abre para mim,

como a dança cósmica das horas

posso te oferecer, se quiser

os mais belos anéis de saturno

brincos das luas de júpiter

gargantilhas da constelação de andromeda


aceite...

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

32#

Amanhã,
Não tem festa,
É quarta-feira,
Cinzas,
Cadê as morenas sambando,
O crioulo cantando,
A velha guarda relembrando
Glórias de outrora?

Aonde foi parar minha alegria,
Minha fantasia
Que de cores tão fortes
Em pó se desfez

Meu sonho dourado
De flores, estampado,
Ficou no passado
Agora é outra vez

Ontem,
Não faz muito tempo
Rei Momo celebrava,
Confete no vento
Serpentina no ar

Carnaval,
Na avenida eu estava
Bebia, sambava
Ria, beijava
Aquele era eu...

Hoje sou cinzas,
Sou pó, sou terra,
Sou estrada, sou chão...
Sou ninguém, sou mais um
Tentando remar contra a maré
Tudo em vão...

sábado, 21 de fevereiro de 2009

31#

Já não sei se vivo ainda, parece às vezes que minha respiração se extingue, meu coração para de bater e meu cérebro não raciocina mais, parece que passo pelas pessoas como um reflexo de um mundo distante, meu celular não toca, minha caixa de mensagem está vazia, minha agenda é uma piada, ninguém senta ao meu lado no ônibus, ninguém se dá conta que estou alí... as vezes minhas lágrimas caem sem eu querer, ninguém pergunta se estou bem, aonde minha dor lateja, se quero uma aspirina ou um ombro, um abraço, que seja. Ninguém me convida para nada, para conversar, dançar, sair, caminhar, fazer nada, qualquer coisa. Tenho muitas dúvidas quanto a saber se estou vivo, talvez meu corpo perambule por aí, porém minha alma já não pertença a mais nada, a ninguém... o que me prende à este mundo? Será que pelo menos antes de morrer eu sentirei um vento fresco acariciar meu rosto, um sorriso sincero, um abraço apertado...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

30#

eu te ofereci uma trufa
e você a esperança
eu te ofereci um livro
e você a amizade
eu te ofereci uma rosa
e você se afastou de mim

na páscoa eu te dei chocolate
te emprestei meus fins de tarde
te ofertei meu melhor perfume
te convidei para o cinema
e você...

para mim dizia não e eu ouvia sim


hoje... eu olho para você...
dentro de mim,
você não me vê...

sabe... jamais esqueci seu telefone
por mais que eu queira esquecer seu nome
oito números rodam na minha mente
desesperadamente...
um dia, mudarei de vida, de cidade, de país quem sabe...
conhecerei outros olhos, outra boca, outra vida...
e você, será para mim um jornal antigo...
veja bem o que eu te digo
que já foi notícia e hoje... está na feira
num dia de domingo...

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

29#

há uma música que diz mais ou menos assim...

"e eu não sou um anjo
eu sou mais como Mona Lisa
existe algo escondido em mim
existe sempre algo atrás do meu sorriso"...

tradução livre e malfeita, feita por mim... do original:

"and I am not an angel
I'm more like Mona Lisa
there's something hiding in me
there's always something behind my smile"
(secrets - (that aren't my own))

versos rabiscados, imagino eu, num papel pautado, numa tarde solitária, num momento triste e intimo, por allisson crowe que dá vida as essas frases esmaecidas, numa melodia densa...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

28#

Essa cópia p'ro sr. ruy tem que ser em papel branco
Para a dna. cecília fechar o envelope só com fita marrom
Para o sr. mário, abra o envelope e revele seu conteúdo
Não entre na sala da gerência, diretoria então?
Não pergunte, não questione, não olhe, não cumprimente
Apenas faça, e faça muito bem feito,
Tipo diretoria, serviço prime...
Paciência, são só pessoas...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

27#

Chorar é só o que posso fazer
Ao ouvir uma bela, mas triste canção
Cantada por uma alma sofrida e solitária
Tão parecida com a minha
Tão perdida no passado
Parece antiga
Triste o fado
Pesada cruz esta que levo
Quem a deu para mim?
Nasceu comigo?
Acho que sim...
Brotou de dentro do peito
Rasgou meu coração
Me arrancou gemidos
Deus, cadê você?
Tens pelo menos pena de mim
Já que sou tão inaudível ser...